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domingo, 4 de novembro de 2012

As minhas reais fantasias

Todos precisamos desses pequenos momentos em que o mundo é apenas uma miragem desfocada.
A vida torna-se tão pesada que é difícil fazer seja o que for sem antes clarear os pensamentos e todos parecemos ter uma maneira diferente de o fazer. Muitos precisam do ar e sossego do campo, outros de alguns dias sem compromissos, eu escondo-me atrás de fantasias.
Não deixo a vida normal para trás, não espero que tudo passe de um momento para o outro ou que possa simplesmente dormir e usar o descanso como uma máquina do tempo, mas na vida normal viajo para algo melhor.

São diferentes os cenários, todos com diferentes pormenores, todos com diferentes premissas. A única coisa que não muda são as personagens, sempre as mesmas, sempre a mesma constante, as personagens da minha vida, da minha história real.
Dou por mim em várias épocas, quer nos anos vinte, quer no século dezassete ou num qualquer tempo fantástico em que o antigo, o profético e o actual se juntam. A paisagem transforma-se e com ela transformam-se os seus habitantes, as construções humanas, as roupas que todos vestimos.
Castelos formam-se onde vales se cruzam, disparados são ouvidos em batalhas por glória e esse maldito som transforma-se nos cascos de cavalos onde as nobres damas da minha vida se passeiam graciosamente acenando aos intelectuais que de bengala e chapéu-coco se ocupam, tal como eu, em devaneios.
Pena que essas fantasias durem apenas momentos, momentos quentes, felizes ou cheios de actos de heroísmo em que ou sou eu o adorado ou o narrador. Pena que não possa permanecer nesses reinos infinitos onde apenas eu consigo ver o horizonte e os outros apenas vêm o meu olhar fixado num ponto.

Ainda bem então que a vida, mesmo que injusta e cheia de reviravoltas, prova ser um conto bem mais estimulante que aqueles que tomam curso na minha mente, com as suas intrigas e mudanças de objectivo repentinas, sendo aqui o único contra, a certeza de que todos os contos têm um fim.

André Moreira, LaResistance

Vive la Resistance!


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